Sintomas clássicos como enjoo, tontura e desejos
estranhos no meio da madrugada não acontecem com você? Não se preocupe: a
ausência desses sinais pode ser até algo positivo
Se a barriguinha anda demorando a despontar ou se o problema é o bebê
que não quer saber de dar os primeiros pontapés, relaxe. O atraso no
aparecimento de algumas manifestações da gravidez e a ausência de certos
sintomas típicos, como o enjoo, não significam, necessariamente, que
algo não vá bem ou que você esteja “menos grávida”. Na verdade, ser
poupada de alguns mal-estares gravídicos, além de uma bênção, pode ser
até sinal de mais saúde.A ginecologista e obstetra Marcia Andréa Puggesi Rubin, 39 anos, sabe, tanto por experiência própria quanto profissional, que uma mesma mulher pode vivenciar mais de uma gestação de diferentes maneiras. Mãe três vezes – de Matheus (14 anos), de Gabriel (9 anos) e do pequeno Rafael, de apenas 6 meses -, Marcia conta que, nas duas primeiras gestações, a falta de sintomas era quase que total. Já na última, a história foi bem diferente. “Talvez porque, nos dois primeiros filhos, eu trabalhasse muito e não tivesse tempo de observar o que acontecia. Mas, na gravidez do Rafael, eu havia decidido que teria um ritmo mais tranquilo. Assim, senti, por exemplo, uma sonolência tão forte que precisava dormir depois do almoço”, relembra a médica, que passou a repousar por pelo menos uma hora após a refeição todos os dias. Outras mudanças da última gravidez em relação às anteriores foram: desejo por comer uva, azia nos dois últimos meses e prisão de ventre, contornada com muita caminhada e ingestão de fibras.
Agora, veja quais são os sintomas mais comuns às gestantes, em que fase da gravidez costumam surgir e por que podem não se manifestar em alguns casos:
Enjoos e vômitos
Pelo
menos nas novelas de televisão, eles são o recurso mais utilizado pelos
autores para mostrar que uma personagem está no início de uma gravidez.
Mas será que na vida real sentir ânsia e correr para o banheiro para
vomitar também é algo tão corriqueiro assim entre as mulheres que
engravidaram recentemente? Segundo os especialistas, sim. Porém, não se
desespere se isso não aconteceu com você! Quando o estômago se revira
todo é culpa da gonadotrofina coriônica humana, o hormônio que entra em
cena apenas durante a gravidez e que é dosado no famoso exame Beta HCG,
que indica, justamente, se há ou não gestação. Mulheres com mais
sensibilidade a ele sentem mais enjoo, enquanto as mais resistentes
sentem menos. Simples assim. O mal-estar costuma passar lá pelo segundo
trimestre, quando a taxa hormonal começa a declinar.
Fadiga e sonolência
Um
cansaço maior e uma vontade irresistível de dormir podem surgir desde o
início da gestação e permanecer até o final. Os fatores envolvidos são
muitos, começando pelo aumento do hormônio progesterona no organismo,
que causa relaxamento dos vasos sanguíneos e, consequentemente, uma
baixa da pressão arterial na maioria das gestantes. Outro motivo para
essa letargia pode ser a anemia dilucional, típica da gravidez, e é
exatamente para preveni-la ou tratá-la que o médico que realiza o
pré-natal geralmente prescreve a reposição do ferro. “Pacientes que
engordam muito tendem a se sentir mais cansadas. Por isso, o ideal é
ganhar, no máximo, de 10 a 12 quilos”, afirma Marcia Rubin. Mais uma
vez, vale a regra: se no seu caso não há fadiga, significa que seu corpo
vai muito bem, obrigada!
Mamas que não crescem nem doem
Algumas
mulheres sentem os seios estufarem ao longo da gravidez e ficarem mais
sensíveis. Com outras, o fenômeno ocorre apenas depois do parto. Ambas
as situações são normais, a diferença é que em alguns casos a glândula
mamária começa a se preparar para a amamentação antes do nascimento do
bebê. Tem a ver com a quantidade de hormônios circulando no organismo e
com a sensibilidade individual.
Desejos estranhos
Para
alguns, mera frescura. Para outros, uma vontade legítima de comer algo
especial, talvez causada por uma carência nutricional ou pela gangorra
hormonal da gravidez. A realidade é que não há respaldo científico para
os desejos alimentares das futuras mamães. E nem todas elas os têm.
Comprovado mesmo só existe um fato: nenhuma criança até hoje nasceu com
cara de bombom ou de empada por falta de se conseguir esses quitutes no
meio da madrugada...
Tontura e desmaios
Mais
comuns no primeiro trimestre, essas duas manifestações podem perdurar
por mais tempo, mas nunca são um bom sinal. “Tonteiras e desmaios
normalmente são causados por pressão baixa ou hipoglicemia. Podem
provocar quedas, que são potencialmente perigosas”, alerta Luiz Augusto
Ferreira Santana, obstetra da Maternidade Leila Diniz, do Rio de
Janeiro. Portanto, se você não os tem, parabéns! Possivelmente está se
cuidando bem e se alimentando da maneira ideal.
Xixi a toda hora
A
micção frequente – ou, para usar o termo médico exato, polaciúria – é
uma realidade cansativa para a maioria das gestantes. E olha que a
danada costuma dar as caras lá pelo terceiro mês e só tende a piorar. O
motivo é óbvio: quanto mais o útero cresce, mais ele comprime a bexiga,
que cada vez consegue armazenar menos urina. Assim, o número de vezes
que se urina por dia só aumenta com o passar dos meses. Desse mal você
não tem sofrido? Comemore, pois seu caso é uma raridade. “Quando a
mulher não tem esse sintoma, provavelmente é porque ela já tinha o
hábito de ir mais vezes ao banheiro, então, não percebe nenhuma
alteração em sua rotina”, analisa o médico Luiz Augusto Santana.
Barriga discreta
Não
adianta sonhar com um barrigão muito evidente se sua constituição
física não favorece essa situação. “A grávida obesa quase não faz
barriga, enquanto a miudinha forma uma barriga grande e pontuda desde o
princípio da gestação”, exemplifica Marcia. “Fatores como o diâmetro e o
formato da pelve da mulher e se ela tem ou não cintura larga também
interferem em como a barriga vai aparecer”, complementa Santana. As mais
ansiosas por desfilar a silhueta de grávida podem valorizar as curvas
do ventre com batas e vestidos recortados sob o busto. O truque ajuda a
marcar mais a barriguinha.
Intestino para lá de preguiçoso
Prisão
de ventre é uma das queixas mais presentes nos consultórios de
obstetrícia e pode perdurar os nove meses. A progesterona, mais uma vez,
é a responsável pelo problema, já que causa uma diminuição da contração
do intestino. “Se a grávida não sofre de constipação, certamente é
porque está tomando iogurte, comendo mamão, bebendo suco de laranja. São
exemplos de alimentos que melhoram o bolo fecal”, diz o obstetra Luiz
Santana. Comer alimentos ricos em fibras e caminhar são medidas que
ajudam no trânsito intestinal e, por tabela, colaboram para prevenir
hemorroidas, outro mal comum na gravidez.
Azia
Diz
a crença popular que quando o estômago da mãe dói, a criança nascerá
cabeluda! Claro que não há nenhuma relação entre a azia que muitas
grávidas sentem com a quantidade de fios na cabecinha do bebê. Mas que o
incômodo pode ser bem desconfortável, ninguém duvida. Ele acontece por
conta de uma maior produção de ácido clorídrico no estômago, necessário
para metabolizar mais rapidamente os alimentos e assim atender
adequadamente às necessidades do feto. Segundo Santana, as gestantes que
felizmente não padecem de queimação estomacal são provavelmente dotadas
de uma boa capacidade de impedir o refluxo do ácido do estômago para o
esôfago. Elas são também privilegiadas, já que a pirose, como é chamado o
sintoma, pode ocorrer em todas as fases da gravidez.
O bebê mexer
Sentir
os movimentos do bebê talvez seja o momento mais esperado por quem
carrega um filho na barriga. Parece até que as tais 22 semanas que o
médico diz que são necessárias para começar a perceber o bebê se mexendo
nunca passam! Imagine, então, quando essa data chega e nada do filhote
dar seus chutes? Se isso está acontecendo com você, não vale pirar. O
pré-natal estando em dia, basta ter mais um pouquinho de paciência. “Tem
nenê que é mais preguiçoso, dorme muito, e é preciso que a mãe esteja
muito atenta para perceber movimentos. E se tiver pouco líquido
amniótico, o bebê mexe menos mesmo”, esclarece Luiz Santana. Fonte: bebe.com
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